Capitulo 4 O Ladrão

Criado terça-feira 04 abril 2023


Uma caravana militar que levava um prisioneiro para julgamento na grande capital encontra em seu caminho uma caravana acidentada, composta de civis e um pequeno grupo de clérigos missionários da neblina, sem nenhum ferido a capitania decide se desviar do percurso para um lugarejo próximo, a fim de reorganizar a caravana e reabastecer mantimentos. Ao chegar ao lugarejo tarde da noite, os guardas tomam postura frente à falta de segurança e ausência de vida mesmo para o horário, não leva muito tempo para que se perceba a grande destruição que se alonga pelo lugarejo. Após uma breve averiguação os soldados descobrem que algo grande atacou o lugarejo, mas que isso ocorreu a dois ou três dias atrás já que nada havia sido comunicado e que provavelmente o lugarejo fora evacuada a tempo pela ausência de carnificina.
Mesmo com a relutância, o grupo se instala no lugarejo pelo menos por essa noite, com o plano de sair logo pela manhã, o prisioneiro é movido de um dos veículos militares para uma cadeia local, mas durante o processo não deixa de dar sua opinião:
Atus: Que grande ideia Capitão, passar a noite em um lugarejo que foi atacada por sabe-se lá o que, e que provavelmente ainda esta faminta...
Ao ver o temor dos civis e a duvida no olhar dos clérigos, em resposta, um soco é desferido pelo capitão no rosto do acorrentado.


Chadistan: Espero que isso não seja algum plano seu para fugir, porque se for, terei o prazer de executá-lo eu mesmo!
A brisa sopra uma noite aparentemente calma, todos dormiam na estalagem do centro do lugarejo e os soldados revezavam na guarda do hotel e do prisioneiro. O capitão se mantêm apreensivo porém sua concentração e quebrada pelos gritos de um dos soldados que anunciava o retorno daquilo que atacou o lugarejo, não se tratava apenas de um, mas sim dois lobos gigantes de fogo, os soldados tentaram manter a calma dos demais, mas o medo guiou todos para a morte, primeiro foram os civis, em seguida boa parte dos soldados e dos clérigos a última a sobreviver foi levada por um soldado para a prisão, ele a deixou lá, disse que ficaria tudo bem, que ele voltaria para ajudar o capitão e depois a buscaria, mas ela sabia que não. Ao olhar atrás ela viu o prisioneiro que calmo a diz que pode a ajuda-la a sobreviver a tudo aquilo, que ela simplesmente precisava o libertar, ela relutou, disse que ia contra seus votos, mas não pode hesitar, ela pediu angustiada:
Foxxi: Por favor, os ajude, apesar de minhas capacidades, nesse estado não passo de uma pedra nos sapatos.


Atus: Tem uma saída por traz da prisão, ela da direto a um beco, creio que se formos rápido conseguiremos sair sem problemas.
Diz friamente o criminoso.
Foxii: Você mentiu, disse que iria nos ajudar!
Grita a clériga assustada.
Atus:Não, eu disse que podia ajudar a você e a mim apenas, naquela direção você pode tentar ajudá-los, mas morreria certamente, se ficar, você sobreviverá apenas alguns segundos a mais, eu estou te dando uma terceira opção, a de viver. Você me ajudou, eu estou em débito com você.
Diz ele estendendo a mão


Foxxi: Como posso confiar em um condenado cujo nome eu nem sei?
Atus: Sou ladrão da Matavasta (nome generico), metade da minha fama é lenda urbana e ainda não fui julgado, meu nome é Ur’P. Atus, Atus para os íntimos.
A clériga se manteve em silencio até que estendendo a mão ela diz:
- Foxxi, Colub Foxxi é meu nome...
Faziam dois dias que caminhavam para a cidade, o silencio era incomodo, Foxxi não aparentava estar satisfeita com a própria escolha, seu olhar distante, sua frieza.
- O que vai fazer quando chegarmos à cidade?
Pergunta Atus na tentativa de quebra o gelo, porem Foxxi se mantêm calada.
- Olha, não estamos nada perto de chegar, manter esse clima não vai ajudar em nada...
- Se te serve de consolo, nada daquilo foi culpa sua.
- Sim, foi sua culpa...
Diz angustiada.


- Se for ajudar, pode me culpar, não será a primeira vez que isso acontece. Não gosto de me repetir, já disse que essa foi a melhor opção. Se espera que eu me desculpe eu só tenho a dizer que sinto muito, mas não pretendo me desculpar.
- Essa foi a melhor opção para alguém foragido, que vive do errado, eu deviria ter morrido lá, como aqueles que fizeram os mesmos votos que eu, morrido ajudando aqueles soldados.
- Por que insiste em dizer que sou um criminoso? Jamais viu através de meus olhos!
- Ainda menos você através dos meus!
- Não sou eu quem está te julgando... Olha isso não vai nos levar a nada, vamos começar de novo, tudo bem¿... O que vai fazer quando chegarmos à cidade?
A situação ainda não agradava a jovem, porem ela decide entrar na dança:
- Irei procurar a Ordem, reportar o acontecido e me submeter à devida sanção. E você? Irá se entregar?
- Entregar? hahaha você é engraçada!
Diz ele que ao encara-la percebe que falava sério.


- Desculpa...
Diz ele sem jeito, o que faz com que a jovem abra um pequeno sorriso.
- Achei que fosse do tipo que não pedisse desculpas!
Ambos caminhavam agora sem toda aquela tensão sobre eles. A noite cai, e eles acampam próximo a estrada. Uma pequena caça assa na fogueira, e ao seu redor o clima se faz perfeito para uma nova conversa.
- Você não parece ser assim tão mal, desculpa pelo jeito como agi.
Diz arrependida, e com um sorriso um tanto sarcástico no rosto tem-se a resposta:
- Não precisa pedir desculpas, não quero que tenha que se arrepender disso mais tarde...
Foxxi retoma o ar sério e passa a encarar Atus.


- Calma é só brincadeira! Quem sabe um dia eu possa te mostrar “o meu mundo”.
Após mais alguns dias de viagem logo pela manhã chegam então a cidade e antes de adentrarem o portão principal Atus se cobre com seu capuz e se despede dizendo que cada coisa deve voltar para onde pertencem.
Foxxi caminha sozinha até chegar ao templo e ao relatar o acontecido seus superiores são tomados por uma grande revolta que a faz ser levada a tribunal para ser, exonerada de toda e qualquer incumbência do culto.
Ao iniciar-se o julgamento, o Juiz se pronuncia,e Foxxi sentada numa cadeira ao centro de frente com seus 6 julgadores e 2 guardas na porta grande que está distante a suas costas.
Tinen: Eu aqui, Supremo Juiz Tinen, agora neste tribunal e meus colegas julgaremos o caso 73, Foxxi a desertora que fugiu com….
Neste momento uma das tochas que iluminam se apagam
Tinen: O quê! Exclama o juiz em desespero. - Quem apagou está tocha!
E outra se apaga em seguida
Tinen: Guardas, reacendam estas tochas, precisamos de luz
um dos guardas vai correndo para tentar reacender, mas descobre que não é possível, a tocha está com uma substância pegajosa.


Guarda: Não é possível senhor, isto é uma espécie de substância pegajosa, parece que foi atirada de uma flecha.
Tinen: Impossível, alertem os guardas, não pode haver ninguém além de nós aqui!
Um dos guardas saem correndo, o outro trava mais ainda a porta, além do que estava trancada, as outras tochas começam a se apagar, até que sobra o lustre no meio, que se desprende do teto e se arrebenta no chão, parcialmente apagando e iniciando um incêndio. Quando dali, cai uma luz azul, flutuando no ar, os Juízes se assustam.
Tinen: O que é isso! Alguém pegue essa coisa
uma risada, irônica é ouvida do meio do salão, parecendo sair da luz azul que está flutuando no meio da sala, ao olharem junto ao incêndio Vêm a silhueta de um homem.
Atus: Vocês são patéticos, não conseguem enxergar nada além de seus próprios umbigos!
Foxxi: Esta voz, eu conheço esta voz
Tinen: O quê, explique-se imediatamente Foxxi! Eu ordeno!


Foxxi: É que, é que…
Atus arremessa um aparato redondo parecendo um disco, que desliza pelo chão até perto da bancada aonde estão os juizes, começa a soltar uma fumaça verde.
Os juizes do lado de Tinen começam a cair e ele começa a ficar zonzo com a vista turva, a imagem começa a escurecer e o a luz azul se revela ser o Olho mágico de Atus, que antes de apagar diz em um tom sarcástico:
Atus:Você não enxerga além de seu umbigo, problema é que quando vocês ricos se enchem com o suor da pobreza, eu apareço, pra fazer a canoa virar!
Quase desmaiando o Juiz grita em último suspiro:
Tinen: Guardas é Atus, ele está aqui….
Os guardas surgem correndo pela porta, que se quebra na cacetada, Atus se revela ao lado de Foxxi.
Atus: Eu gostaria de ficar, mas um profissional de verdade, rouba o que procura e não deixa vestígios!
Este joga uma bomba perto de seu pé, que faz um clarão e de repente some com a garota!
Nos dias que se seguem as coisas tomar um ritmo violento, pessoas começam a desaparecer pela noite, a população está de mão atadas e não há nenhuma mobilização por parte da guarda da cidade e nem do Culto deixando Foxxi ainda mais revoltada, porém está agradecida por ter sido salva do julgamento, mas agora os dois estão sendo procurados pela Ordem. O clima entre os dois fica meio pesado após Foxxi o culpar pela sua exoneração, porem após verem que seus objetivos eram o mesmo, o de descobrir o que estava acontecendo, porque aquelas criaturas estavam aparecendo, eles voltam a caminhar juntos pela estrada até a próxima cidade, tentando despistar a ordem.


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